sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Um medo


Sabe do que eu tenho medo? Tenho medo que o tempo não dê, que tanta prudência me deixe a mercê, e quando se perceber, cadê? Aprendi a ser paciente, de uma paciência atenta, diligente. Mas não vejo a hora de dizer e há sempre mais do que se crê para se dizer.
Quem disse que o essencial não se diz? O essencial é indizível? Porém, que terrível quem não o tenta demonstrar, que o deixa passar, que o esquece, amadurece e apodrece na cautela de só se pensar. E quem só pensa, só pensa, e agoniza até deixar morrer. Sentimento morrido também pesa, desde uma amizade cadáver a um amor falecido. Ambas exalam o odor da dor. Arraigam no coração e onde se enterrou nada mais se cria. Vira terra infértil de alegria.
Então, não deixo de tentar dizer, demonstrar, dou o braço a torcer, há certos tipos de jogos que é preciso perder para se ganhar. Portanto, me perdoe por me perdoar, me perdoe por não deixar de falar, me perdoe por sentir e transbordar, não estou a bordo, eu sou mar, me permito ser, por isso transbordo, por assim dizer.

Anna Valentina

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