domingo, 24 de maio de 2015

Um pouco mais



Eu só queria que tu tivesses ficado um pouco mais:

Com tuas mãos a deslizar sobre minhas coxas nuas
Com os dedos das minhas mãos enlaçados nas tuas

Com nossos olhos a se fitar
Com nossos lábios a se lambuzar 

Acariciando tua barba cheia 
Inalante teu cheiro que me norteia 

Ouvindo tua pulsação
Deitada sobre o teu peito e coração

Contando histórias sem parar
Esquecendo-se do tempo a passar

Poderias ter ficado um pouco mais
Eu te permitiria
Eu te quereria 
Como já não quero nenhum outro rapaz.



Anna Valentina

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Apego


Vez em quando ainda me pego a vasculhar a nossa história, presa a pequenos relapsos, incapaz de encontrar, de mim mesma, uma escapatória. Mas o que fomos? O que somos? A memória não queima fotos e nem fatos. E vai haver sempre uma música, uma esquina, um perfume, um dia de inverno qualquer que nos faça relembrar. Que nos diga que estivemos lá. Que nos delate a nós mesmos, que vivemos e fomos, em algum momento, um par.


Anna Valentina

domingo, 3 de maio de 2015

Só para você saber


Só queria que tu soubesses que tens tomado a maior parte dos meus pensamentos, soubesse só por saber, daí tu faz o que bem entender desse saber. Mas na verdade, gostaria que tu bem entendesse e percebesse o quanto eu sinto falta da tua companhia, da tua conversa fiada, das tuas palavras convictas de maturidade de quem já viveu mais do que eu. E só queria sentir teu cheiro e passar a mão pelo teu cabelo e beijar teu rosto inteiro e te abraçar malinando feito criança que acaba de ganhar a mais fofa das pelúcias. Podias me telefonar de vez em quando só pra dizer que não tem tempo, só para tentar desenrolar esse rolo de nunca conseguir me encontrar, mas para ser sincera, podias me ligar só para me deixar ouvir tua voz e tua respiração e fazer com que meus nervos desandem e meu coração aligeire, porque é gostoso esse sentir, esse nervosismo pequenino que oscila entre risadas e palavras atoa, entre conversas sérias e conversas vãs. Hoje tô sentindo aquele aperto de quando estás longe, se tua distância fosse só física, mas te percebo cada vez mais distante em sentimento e não sei como te segurar, porque só te quero assim, sem nada, você por você mesmo, o cara de trinta e cinco que as vezes é um menino de doze, que se acha um perigo para o mundo mas que não tem medo dos perigos do mundo. Hoje você podia aparecer só pra dizer que também pensa em mim, ou que pensou, enfim.


Anna Valentina