segunda-feira, 11 de julho de 2016

Crua



Alguma coisa estava crua demais, sabe? Dentro de mim. Era demasiado prematuro para se sofrer e eu, ansiosamente, sofria. Queria demais e esse querer me engolia. Devia não aspirar tanto o que não posso tatear, porque essas expectativas que se criam ao acaso são como beber do próprio veneno, mas não se morre, não! A gente agoniza e agoniza e as horas que não passam e, todavia, ultrapassam qualquer raciocínio lógico. Somos levados a beira do abismo com os braços distendidos lá, onde há um misto de vontade de morrer e de viver. Onde nada há.


Anna Valentina