segunda-feira, 6 de março de 2017

Coisa



Há uma coisa que desde criança eu alimento dentro de mim, é feito uma esperança que nada espera, é feito um sopro de felicidade que nem sempre traz alegria, é uma fé que não morre, não mata, não move e nem nunca parece aquietar. É feito um afeto prensado, um calorzinho que parece pequenininho mas queima calado no peito, sem jeito. Eu juro que já tentei desnutrir essa coisa. Já tentei secar, sugar, espremer toda essa melosidade que me liquefaz, mas basta um cinema água com açúcar em copos baratos e lá estarei eu afogada nessa doçura enjoada. Histórias de amor hão de ser das refeições sua predileta, chego a ficar de olhos arregalados e dedos cruzados que se empolgam a cada trama que vira drama e me deixa a mercê da fama de uma romântica que não sabe mais o que fazer para parar. Me atirem as pedras ou aos precipícios pois adoro um amor impossível, daqueles que de tão incabível te leva ao delírio de acordada sonhar.


Anna Valentina