quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Inseguranças


Por menores, minudências, miudezas e todas aquelas coisas que dentre as coisas ditas, feitas, não ditas e não feitas estão. São a essas coisas que me atento. São a partir destas coisas que me asseguro de todas as minhas inseguranças. Posso parecer, às vezes, perceba quando digo "às vezes", um tanto disparatada, talvez meio desatinada das ideias. Todavia, veja bem, pouquíssimas vezes me pegam na surpresa de uma futura ocasião, pois, se o tom está baixo demais ou alto demais, se as palavras falharam e os olhares me atravessarem ou dos meus se desviaram, (risos), prevejo, arquejo, vez em quando lacrimejo, então me preparo para o que há de vir. E não me venha com comiseração, se é um fim, se é um adeus, se é uma insatisfação, prefiro que me enfies o punhado de uma só vez, ao invés de fincá-lo vagarosamente com esse falsa piedade de quem já pouco se importa. Palavras paliativas me fazem preferir estar morta. E há quem diga que eu me precipito, mas ninguém vê que há em mim um precipício e a insegurança me faz propícia a insensatez.


Anna Valentina

sábado, 10 de janeiro de 2015

Enloucer


A pior coisa quando você acha estar enlouquecendo é, justamente, não enlouquecer. A linha tênue entre a sanidade e a demência que deixa-nos à mercê do desalento. Não há ponto de partida, não há meio, não há fim, não há justificativas e tudo é tormento. É desatinar entre as memórias mais triviais e delas profundar numa dor voraz. Nada abranda, nada satisfaz.


Anna Valentina

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Perder




E quem poder-me-á provar que no ato de perdoar nada se perde? O que um dia foi, foi, e nunca mais poder-se-á ser. Que nem mesmo as mais belas palavras, nem mesmo as mais límpidas lágrimas são capazes de desvanecer com a ferida que um dia foi aberta e mesmo que esta cicatrize a cicatriz será a perpetua marca da confiança sucumbida que não se pode reviver.
Anna Valentina

Teus sinais


Teus olhos castanhos penetram com tanta pungência, debaixo das tuas sobrancelhas espessas e negras, daquela tua fisionomia séria, lábios serrados e barba crespa e abundante e é sedutor e é semelhante, feito um homem por trás de um menino, é amante. Vez em quando ri, vez em quando se esconde. Leio tuas linhas faciais, sinto mais que o aquecer do toque do teu corpo, mas quisera compreender-te melhor em teus sinais.

Anna Valentina