terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Te desabitar


Que é num rompante que me rompes, invadindo meu sossego e defasando-te dentre as horas dos meus dias e então noites e então semanas afoites. Dormir são intervalos de lancinantes ilusões. És flecha que atravessa meu silêncio. Vens sobre meus trilhos feito faróis a fulgir em minhas escuridões. Mas diante de ti minha voz se cala e meu corpo suspira. Grita de sôfregas fantasias. Teu toque me insurge pecaminosas alegrias. E não consigo te juntar numa só memória. Escorres entre minhas meras vontades e meias verdades. Te crio em lembranças especulatórias. E então se perdes e me perdes e me levas por caminhos que não sei andar. Já não sei estar. Quer-me-ia partir de dentro de mim para te desabitar.


Anna Valentina

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