Colapso
Eu estava louca! Feito estivesse entorpecida pelo efeito dissociativo de delírios nervosos via medicamentos duvidosos, a mercê da colateralidade de todos os meus distúrbios mais férteis, dos traumas infantis mais severos e desilusões de maior desamor. E sempre que me encontro nesse desencontro com a realidade, em que a lucidez me parece algo tão distante da minha capacidade de rememorar, pondero, me lanço num dissabor infantil abraçada pelas cobertas, feito pudesse voltar ao útero, ou mesmo ter a impressão parca de estar dentro dele novamente. Caio num sono cansado. Não choro. Não lamento. É um tormento silencioso que me leva a esse estado neutro, onde tudo deixou de fazer sentido para, conseguintemente, deixar de se sentir. Eu desperto com a certeza de que partir é o único acalanto, minhas horas vagam junto a sutileza de já não ter saudades de existir.
Anna Valentina
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